Será que sua imagem está alinhada com a forma como deseja ser percebido pelas empresas? Descubra como a linguagem corporal pode afetar sua apresentação e posição no mercado de trabalho.
Estudo há muitos anos a arte da comunicação e seus diversos desafios e com a experiência de treinar e dirigir executivos antes de suas grandes apresentações, meu trabalho basicamente é o de sincronizar “áudio e vídeo”, ou seja, a ideia é sempre trazer consciência a respeito dos movimentos (faciais e corporais) alinhados com a personalidade, com o conteúdo e com as emoções que eles desejam transmitir durante suas apresentações. Aí está a chave do sucesso!
Você se lembra de uma esquete em que o ator Roberto Gómes Bolaños que interpretou durante anos o Chaves fazia durante um diálogo com algum outro personagem que dizia: Siiiiim (movimentando a cabeça lateralmente – expressando exatamente o contrário, a palavra não)? Pois é, infelizmente isso é muito comum em todos nós, por não termos consciência da comunicação transmitida pelos nossos corpos durante nossa fala, uma vez que a nossa única preocupação de fato fica limitada apenas ao bom e velho powerpoint ou para os mais modernos, o Keynote.
O que precisamos compreender é que além do famoso “ppt” temos ainda uma grande lista de itens adicionais que devemos mapear e aplicar antes de apertar o play da nossa apresentação – isso caso você deseje que sua apresentação esteja no padrão “Tedx de qualidade”.
E saiba que estas apresentações feitas neste grande evento global não são excepcionais por mero acaso, muito pelo contrário, os speakers são preparados para serem excelentes contadores de histórias para que o slogan deles possa funcionar: “Compartilhar ideias e inspirar pessoas”.
Este movimento, iniciado na década de 80, continua até hoje: os inventores e organizadores do TED estudam e aprimoram não só o formato do evento como também auxiliam todos os palestrantes, pois entenderam que não basta oferecer o melhor ambiente para que o evento aconteça, eles precisam cuidar também das estrelas do show -os palestrantes precisam ser incríveis para que a audiência possa ter a melhor experiência possível e retorne no ano seguinte e assim sucessivamente.
E dentro desta preparação de speakers, nós -os profissionais de comunicação- fazemos um trabalho minucioso junto aos palestrantes visando conscientizar seus movimentos, suas expressões (incluindo micro expressões) e gestos (descritivos, expressivos e simbólicos) para que o todo possa comunicar a mesma coisa, ou seja, conteúdo, linguagem e forma coerentes com o conteúdo e fundamentalmente com a personalidade daquele comunicador.
Você concorda com a frase: Comunicação é posicionamento?
Vou explicar, mas antes eu volto com uma pergunta provocativa a você Humano: Sua foto publicada no Linkedin representa você e seu posicionamento como profissional?
Faço esta provocação pois vejo incoerência em diversos perfis que visito em nossa principal rede social. Quer um exemplo?
Existem profissionais que se dizem serem prestativos, colaborativos, abertos à escuta – consecutivamente ao diálogo, que adoram se relacionar com times diversos, que aprendem com as diferenças. Porém, sabe como está a foto deles no Linkedin? De braços cruzados…
Em termos de linguagem corporal, qual leitura você faz quando se depara com alguém que esteja de braços cruzados?
Da minha parte imagino duas coisas: ou que esta pessoa não está muito aberta com a ideia transmitida ou que ela está com frio -e não é brincadeira.
A questão é, entendo o que os executivos querem transmitir com esta postura: segurança, seriedade, comprometimento e etc, mas será que não é possível transmitir o mesmo, mas com uma linguagem corporal mais disponível e amigável? Exemplo: de braços abertos, de “coração visível”, sorrindo e com generosidade no olhar?
Acredito que sim!
E para aqueles que desejam compreender melhor os efeitos da nossa linguagem corporal, uma leitura interessante, e clássica, está contida no livro: O corpo fala – A linguagem silenciosa da comunicação não verbal. Nesta obra podemos acompanhar centenas de ilustrações de como o nosso corpo está sempre se comunicando, querendo você ou não, porém na maioria das vezes, de forma inconsciente, nosso corpo comunica algo dessincronizado com a fala, desta forma relembrando o bom e velho personagem Chaves.
Muito bem, e como estamos na era Data-Driven, onde precisamos de dados para comprovar aquilo que falamos, que tal conhecer um pouco mais de perto o trabalho do professor Albert Mehrabian que na década de 60 nos apresentou um estudo que até hoje traz uma certa polêmica em torno de sua tese que diz que 93% da nossa comunicação é baseada na linguagem não verbal.
Ele acredita que nossa comunicação passa basicamente por três elementos: comportamento não verbal (expressões corporal e facial – incluindo micro expressões), tom de voz (como dizer através dos sentimentos) e o significado da palavra transmitida, daí a estatística: 55% / 38% / 7%.
Mas saiba que muito se discute a respeito das conclusões deste estudo por diversos fatores e, sinceramente, concordo com alguns pontos levantados por alguns estudiosos de comunicação. O fato é que até aquele momento muito pouco ou quase nada havia sido discutido a respeito da nossa compreensão sobre a comunicação dos movimentos (não verbal) e a importância de acolher e dialogar sobre nossos sentimentos para que nós e o todo possa ser beneficiado em termos de uma comunicação mais consciente, engajada e potente, que aproxime e abra portas para um novo cenário, onde todos caminhem juntos pelo mesmo objetivo.
A ideia aqui é entender e ser entendido, ouvir e ser ouvido e unir todos esses elementos em prol da melhor comunicação que possa existir: a que ‘fala’ por meio do sorriso e da compreensão, engajando humanos e trazendo muitos outros humanos para o mesmo time.
E o que extraio de grande aprendizado destes estudos é que podemos sim potencializar a nossa comunicação e para isso precisamos compreende-la através da integralidade do speaker com o objetivo de sermos mais congruentes com o que pensamos, dizemos e desejamos em termos de posicionamento.
E para nós, que atuamos diretamente na área de Comunicação das corporações, o que podemos fazer para melhorar as relações através da nossa comunicação? Será que se utilizarmos um tom mais assertivo (menos passivo ou agressivo) e adotar uma postura mais acolhedora para transmitir algo a alguém, como por exemplo um feedback, conseguiremos construir um ambiente mais engajado, produtivo e positivo para todo o time?
Portanto, retorno com a pergunta inicial: Se o nosso corpo fala – o que o seu está dizendo?
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